segunda-feira, 1 de junho de 2009

Literatura e reportagem

Não se pode negar que a reportagem literária faz parte da imprensa periódica. A reportagem é resultado de uma fusão entre literatura e jornalismo propriamente dito. A literatura trás humanização, dramaticidade e descreve com sentimentos a mensagem a ser passada.

A história mostra a troca de elementos entre literatura e reportagem. Primeiro o realismo social, estilo literário iniciado em meados do século XIX e protagonizado por escritores como o francês Honoré de Balzac e o inglês Charles Dickens, contribuíram para o surgimento da reportagem . A literatura daquela época destacava a maneira de lidar com questões sociais, a descrição detalhada de ambientes e personagens do cotidiano. Com isso, não se tratava apenas de aspectos estéticos do texto, no meio de tantos detalhes, estava também os dados que foram apurados.

Alguns tempos depois, o New Journalism, movimento dos anos 60 deflagrado por escritores-jornalistas como Tom Wolfe , Truman Capote e Norman Mailer, tomaria um fôlego mediante a reportagem. Daí em diante a ficção incorporou elementos informativos a sua narrativa. Histórias reais, grandes reportagens, começaram a ser publicadas em livros. A Sangue Frio, que inicialmente foi publicado nas páginas da revista The New Yorker, é uma grande obra de Truman Capote, ela representa muito bem esse estilo diferenciado.

No Brasil, o relato da Guerra de Canudos, de Euclides da Cunha, publicado originalmente nas páginas de O Estado de São Paulo , em 1897, no formato reportagem-conto, começou a mostrar esse estilo no país. As reportagens literárias ergueram-se em revistas, como a Cruzeiro (1928-1975) e a Realidade (1966-1976).
Hoje a grande reportagem está migrando para os livros, um mercado mais lucrativo para as editoras e menos acessível para o público em geral.

Emanuel Chaves

Fonte: www.canaldaimprensa.com.br